segunda-feira, 26 de maio de 2014

DIgo: Ciência Mestra!


Godzilla: o medo personificado/ Guerra Fria/ Guerra Nuclear




Uma força da natureza. “Vocês não fazem a mínima ideia do que está vindo!”, diz o cientista apavorado, refletindo bem a intenção do remake de um dos maiores clássicos do cinema. O réptil dantesco - cuja natureza mais parece uma metáfora à todos os exageros - está acordado novamente, e sua fúria já é bem conhecida. Estamos falando de “Godzilla” (Gojira - o "Deus dos Monstros"), um dos blockbusters mais esperados de 2014, ressuscitado pelas mãos da Legendary Pictures e do diretor Gareth Edwars - este já acostumado com a temática de grandes monstros.

E a “aura” de culto ao grande monstro radioativo retorna com ele. Após o tempo de clausura, Godzilla reaparece em um filme irrepreensível em técnica e efeitos (mesmo que o roteiro custe a se desenvolver em alguns momentos), num estilo violento e pessimista (logicamente!) e coroado por um elenco de categoria. Não há alívio em cena. Não há nenhum momento cômico. Apenas tensão.

Em ampla análise, o filme pode ser visto como um resgate histórico. Já no início, faz uma alusão à primeira aparição da criatura de proporções épicas nos anos 50, fruto de uma série de “testes nucleares” (aham...sei!). Na verdade, fica gritante a herança – ou melhor, a “resposta” – do Japão aos ataques nucleares inconseqüentes dos americanos sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra Mundial.  Consequentemente, também remonta às ameaças de novos ataques durante os conflitos da Guerra Fria. O grande predador que se alimenta de radioatividade, nada mais é que o fruto da censura ocidental que impedia os japoneses de mostrarem diretamente os horrores deixados pelos Estados Unidos. Ele é a imagem do medo e do desespero!

O longa também alude perspicazmente ao acidente de Fukushima em 2011, quando um terremoto de 8,9 pontos na Escala Richter provocou um tsunami, abalando as estruturas da Central Nuclear da cidade e provocando vazamento de radioatividade. Na trama, uma usina nuclear também é destruída por um abalo sísmico. Alguns anos depois, abalos com o mesmo comportamento da época mostram que há monstros retornando para acabar com a paz da humanidade. Ou seja: sem redenção, americanos! Ataques nucleares vão continuar acordando predadores gigantes!

Como numa tentativa de amenizar a catástrofe, essa releitura apresenta Godzilla como “necessário” dentro de uma cadeia alimentar, onde ele é o “ponto de equilíbrio” que pode acabar com outros dois monstros épicos que estão prestes a procriar e acabar realmente com qualquer resquício de humanidade (lembrando que isso acontece nos EUA). Praticamente o mocinho da história – e as cenas finais mostram isso. Em suma, Godzilla não é “perfeito”, mas devolve a glória merecida ao herói nipônico – ainda que isso custe muitos prédios destruídos.  E a continuação da história já foi anunciada. Um deleite para os amantes do cinema!


*Título Original: Godzilla
*Ano: 2014  - País: EUA, JAPÃO
* Direção: Gareth Edwards
* Roteiro: Max Borenstein, Dave Callaham
* Produção: Jon Jashni, Mary Parent, Brian Rogers, Thomas Tull
* Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, CJ Adams, Ken Watanabe, Carson Bolde, Sally Hawkins, Juliette Binoche, David Strathairn, Richard T. Jones, Victor Rasuk, Patrick Sabongui, Jared Keeso, Luc Roderique

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