quarta-feira, 20 de agosto de 2014
terça-feira, 8 de julho de 2014
Uma Brincadeira com a Copa e a História do Futebol!
História do Futebol desde a Idade da Pedra...
Uma atividade realizada com alunos na disciplina de História..
Através de pesquisa e produção de texto alunos criam apresentação brincando com aspectos da História do Futebol!
Uma atividade realizada com alunos na disciplina de História..
Através de pesquisa e produção de texto alunos criam apresentação brincando com aspectos da História do Futebol!
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Mais de 60 vídeos para aulas de História disponíveis para baixar no Domínio Publico!
Segue link da pagina do Site Domínio publico onde se pode baixar mais de 60 vídeos para serem usados nas aulas de História! Além de História constam vídeos de todas as disciplinas somando-se mais de 800 vídeos de diversas áreas.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do
Uma excelente provocação para um início de aula: a animação "O Emprego" (El Empleo).
Para iniciar a aula com uma ótima provocação trazemos uma referência :
o curta-metragem argentino "O Emprego" ( El Empleo). A animação ganhadora de inúmeros prêmios, apresenta através de um profundo silêncio as relações de trabalho na atualidade.
"Pessoas que se enquadram cegamente no coletivo fazem de si mesmas meros objetos
materiais, anulando-se como sujeitos dotados de motivação própria." (*)
As nossas relações sociais e de trabalho são retratadas simbolicamente no desenho de maneira a nos provocar, causando uma reflexão sobre essas relações à muito em disparidade com as atuais expectativas.
Para dar início a uma aula de História, Sociologia (entre outras disciplinas), o vídeo pode ser uma maneira criativa para aprofundar os temas selecionados pelo professor.
*Extraída do livro "Educação e Emancipação" de Theodor W. Adorno.
sábado, 21 de junho de 2014
Entendendo o Islã - Cultura e Religião e Ensino de História
Faz parte do papel de um educador desmistificar os esteriótipos preconceituosos que muitas vezes são reforçados pela mídia e ou grupos sociais diversos. Para poder ajudar a reverter essa situação é precisamos começar esse processo pelo próprio professor. Sim, todos temos preconceitos, inclusive você professor!
Se fosse perguntar ao professor de História sobre a cultura muçulmana teríamos respostas variadas, desde complexas explanações sobre o surgimento do Islã, desenvolvimento e expansão da religião e cultura muçulmana à respostas mais tímidas apoiadas no argumento de que diante de uma pilha de conteúdos programados não é possível dar foco a mais um assunto que pode ser considerado fora da nossa realidade.
Grande erro. A cultura muçulmana esta presente no Brasil e precisa ser respeitada e compreendida pela sociedade como parte de uma atitude de coexistência e exercício da cidadania consciente da pluralidade cultural.
No vídeo: Fé versus tradição no Islã. O jornalista Mustafa Akyol fala sobre como aspectos de algumas práticas culturais locais que tornaram-se ligada, fé do Islã. Aponta a profunda ligação islâmica às tradições e não suficientemente as crenças fundamentais. Esse vídeo é o primeiro de uma série de vídeos do curso Entendendo o Islã do VEDUCA que também pode ser visualizado no Youtube.
domingo, 15 de junho de 2014
Série: "Por que aprender História!" - Por que gosto de História - Leandro Karnal
Para um professor de História é importante ter em mente o porque do ensino. Até porque é uma pergunta recorrente dos alunos! Mas muito antes disso, é preciso saber "Por que eu gosto de História?"
Não é tão simples quanto parece. Portanto, iniciemos a reflexão com Alexandre Karnal
Não é tão simples quanto parece. Portanto, iniciemos a reflexão com Alexandre Karnal
Possibilidade no ensino através de linguagem Teatral! Imagina no Ensino de História!
Palhaçada na Sala de Aula!
Professores procuram na linguagem teatral uma forma de melhorar suas aulas e descobrem infinitas possibilidades de trabalhar conteúdos diversos com os alunos
Por Frederico Guimarães
Formado em Letras e Artes Cênicas, Júlio César Sbarrais é o que se pode chamar de 'artista-docente", expressão utilizada para denominar educadores que trabalham com a linguagem artística em suas propostas pedagógicas. Desde 2007, o professor recorre ao palhaço "Tinin" para tornar as suas atividades com os alunos mais lúdicas. O professor também utiliza outros personagens para ensinar língua portuguesa. Um dos seus preferidos, o cangaceiro Lampião, é frequentemente utilizado nas aulas de literatura de cordel.
Reportagem da Revista Educação
Disponível em: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/0/dos-palcos-para-a-sala-de-aula-301430-1.asp
Matéria completa em:http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/199/a-sala-e-um-palcoprofessores-procuram-na-linguagem-teatral-uma-301125-1.asp
Professores procuram na linguagem teatral uma forma de melhorar suas aulas e descobrem infinitas possibilidades de trabalhar conteúdos diversos com os alunos
Por Frederico Guimarães
Formado em Letras e Artes Cênicas, Júlio César Sbarrais é o que se pode chamar de 'artista-docente", expressão utilizada para denominar educadores que trabalham com a linguagem artística em suas propostas pedagógicas. Desde 2007, o professor recorre ao palhaço "Tinin" para tornar as suas atividades com os alunos mais lúdicas. O professor também utiliza outros personagens para ensinar língua portuguesa. Um dos seus preferidos, o cangaceiro Lampião, é frequentemente utilizado nas aulas de literatura de cordel.
Além de um belo exemplo eu fico imaginando as possibilidades no ensino de História!
Disponível em: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/0/dos-palcos-para-a-sala-de-aula-301430-1.asp
Matéria completa em:http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/199/a-sala-e-um-palcoprofessores-procuram-na-linguagem-teatral-uma-301125-1.asp
História; Cultura Afro-brasileira; Identidade: O Príncipe Negro em seu contexto religioso
O Príncipe Negro em seu contexto religioso
![]() |
Príncipe Custódio |
O interesse deste tema para os estudos históricos é
compreender que por mais importante que possa parecer à liderança no meio
religioso africanista, a influencia direta de José Joaquim Custódio de Almeida
deve ser observado em seu próprio segmento religioso dentro do culto
Afro-Brasileiro. Para demonstrar isso, faremos um relato das diferentes
vertentes religiosas do Batuque e concluiremos com o que se sabe a respeito da
presença de José Custódio Joaquim de Almeida “o príncipe negro” no meio
cultural e político rio-grandense.
Segundo Avancini, no momento da chegada dos europeus a
África, não havia para os africanos uma separação entre sagrado e profano tudo
era sagrado, os deuses e os homens dialogavam e os ancestrais mortos
divinizados orientavam a caminhada dos vivos pela vida.
Para o africano, um Babalorixá não é apenas um líder
religioso, ele é o elo com seus ancestrais e daí a importância de se falar e
diferenciar as vertentes religiosas do culto afro-brasileiro, ao se referir a
um líder religioso do meio africanista.
O artigo “Práticas Aristocráticas e Lazeres Burgueses de um
“Príncipe Negro” na Republica Velha” de Sílvio Marcus de Souza Correa fala em
praticas religiosas africanas, mas não nomeia essas pratica, o que dificulta o
conhecimento sobre o culto africanista e, consequentemente, sobre a importância
do mesmo na comunidade negra. O autor deixa de observar as minúcias das
diferentes correntes, e suas relações umas com as outras e ainda ao que parece
não se da conta que essa falta de conhecimento pode ter contribuído em muito
para a ocorrência de algumas das lacunas em sua trajetória biográfica. Cito-o:
(...) Ao contrário de certas figuras de libertos, a excentricidade
de Custodio não tinha a ver com um jeito cômico ou de falar, mas com seu
habitatus um tanto bizarro no qual práticas aristocráticas, lazeres burgueses e
tradições religiosas africanas se imiscuíam. Líder religioso da comunidade
Afro-brasileira em Porto Alegre, a sua trajetória biográfica tem muitas lacunas
(...). (Correa: 2009, s/p).
Ao se citar um padre ou um pastor, não se fala em um
líder religioso de um culto cristão ou em praticas cristãs, pelo contrario, se
usa seu titulo sacerdotal e se cita seu segmento religioso, por isso me parece
desrespeitoso falar do Príncipe Negro apenas como um líder religioso de um
culto africano sem utilizar seu titulo sacerdotal e seu segmento religioso, no
caso em questão ao que parece, Babalorixá da Nação Jêje.
Observamos também que ao citar Custódio de Almeida
raramente é lembrada sua vertente religiosa, “o Jêje”. A maioria dos
autores pesquisados, não citam a vertente religiosa do Príncipe Negro não
sabemos se por ignorância, por não ver o valor da diferenciação destas
vertentes ou se por uma tendência que se observa na maior parte da sociedade em
generalizar os cultos afros como se fossem todos iguais.
Não podemos deixar de observar a advertência de
Hampaté Bâ citada por Avancini no artigo O sagrado na tradição africana
e os cultos afro-brasileiros “(...), é preciso considerar que não
existe uma África, um homem africano, e que não há uma tradição válida para
todas as regiões e etnias (...)”. (Avancini: 2008, 135).
No artigo Pós-modernidade e cultura negra, Roberto
dos Santos cita David Morley (1998), “é preciso pensar a história como campo de
oferta de contextualizações que atuam na constituição de visões e tempos”. O
que pode servir para demonstrar a importância em se observar de forma mais
atenta a Nação Jêje vertente religiosa de Custódio de Almeida segundo Oro, na
contextualização de sua história, já que sua religião era não somente parte de
sua vida, mas o elo que o mantinha ligado à África e aglutinava a comunidade
negra local em torno de si.
Matory diz a respeito do Jêje que a origem do termo é bastante
problemática e que uma das possibilidades é que seja uma construção
linguística, ocorrida no caminho entre África e Brasil. Não podemos deixar de
lembrar que, segundo Ari Oro, o representante mais famoso do Jêje foi o
“príncipe negro”. Por essa menção observa-se a importância em demonstrar a
vertente religiosa de Custódio de Almeida que segundo Oro seria o Jêje.
No Jêje, como em qualquer Nação, um Babalorixá,
é como um rei ou um pai que deve ser respeitado e obedecido, enquanto que para
as outras nações este individuo pode no maximo ser um individuo de renome,
tendo apenas certa influencia sobre os demais.
No Rio Grande do Sul se fala em Batuque, termo genérico para
designar a religião afro-brasileira que se divide em “lados” ou “nações”.
Normalmente são cultuados doze Orixás: Bará, Ogum, Iansã, Xangó, Odé, Otim,
Obá, Ossain, Xapanã, Oxum, Yemanja e Oxalá.
Ari Oro em seu artigo Religiões Afro-brasileiro
do Rio Grande do Sul: Passado e Presente descreve muito bem as
principais nações presentes no Rio Grande do Sul, que são Oyó, Ijexá, Jêje,
Cabinda e o Nagô, que se encontra praticamente extinto no Estado, restando
poucas casas que realizam seu culto.
No dizer de Pernambuco Nogueira, o Nagô. [...]
“é uma nação que, tendo sido a origem do Culto no Rio Grande do Sul, hoje está
praticamente extinta, restando pouquíssimas casas” (Oro pag. 353 a 355).
Segundo se sabe, Oyó está quase extinta na
atualidade, sendo que a maioria dos centros religiosos de Oyó de hoje o são
apenas de nome por conta da tradição, sendo que sua ritualística se encontra
mesclada com outras Nações, a principal o Ijexá, que por possuir uma
ritualística mais simples foi adotada pela maioria. Cito-o:
(...) OYÓ. Segundo a tradição local, esta nação chegou a
Porto Alegre vindo da cidade de Rio Grande. Foi cultuada no Areal da Baronesa e
dali no Mont Serrat onde se situaram as principais casas deste culto. (Bastide,
1959, 238)
Segundo Ari Oro, Ijexá é o que predomina no
Estado atualmente, sendo seus dogmas utilizados pelas demais “Nações”, é
extremamente raro encontrar um terreiro de Nação de culto puro.
IJEXÁ. Trata-se da nação predominante hoje
no estado. Os deuses invocados são os orixás e a língua ritualística é o
iorubá.
Segundo um depoimento colhido por Norton Correa
junto ao já falecido tamboreiro Donga de Yemanjá, o Ijexá predominava nas
regiões negras de Porto Alegre como o Mont Serrat e Colônia Africana (Correa,
1998 a: 76).
Nota-se que o Keto esteve historicamente
ausente no RS, vindo somente nos últimos anos a se integrar por meio do
Candomblé.
Vale lembrar aqui daquele que pode ser
considerado um príncipe do culto afro nos dias atuais, o Pai João Cleon Melo
Fonseca de Oxalá, da Nação Cabinda, personagem muito conhecido e respeitado por
todas as vertentes religiosas africanistas atuais, no entanto sua influencia
direta limita-se a seu próprio grupo ou Nação. “Cabinda é uma nação Banto,
originalmente de fala Kimbundo”. (Ferreira, 1994:59).
O presente trabalho aponta o que é demonstrado
na literatura das diferentes vertentes religiosas do culto afro-brasileiro,
visto que a intenção é apenas dizer que existem diferenças entre estas
vertentes, no entanto como o foco do presente trabalho é o Príncipe Negro, não
nos aprofundaremos na descrição dos dogmas e praticas das diferentes religiões
afro-brasileiras.
Segundo Silva, Custódio Joaquim era forte,
extrovertido, tinha 1,83m era fluente em inglês e Frances, mas, curiosamente,
nunca chegou a falar um português perfeito.
A maior parte do tempo vestia-se de preto, de
acordo com a moda europeia, porem em ocasiões especiais usava trajes africanos
ou uma mistura dos dois tipos de trajes, sempre ostentando uma condecoração
britânica.
Segundo se sabe, por meio de noticias impressas
nas primeiras décadas do século XX, ele teria deixado sua terra natal em 1862
quando tinha 31 anos de idade, conhecido pelos africanos de Porto Alegre como
príncipe de Ajudá, embora não se saiba se tinha realmente ligação com essa cidade,
o titulo pode ter lhe sido dado por ter embarcado no porto dessa cidade. No
entanto vale lembrar o que diz Nina Rodrigues a respeito do Jêje, vertente
religiosa de Custódio de Almeida “[...] Entre os Jêje ou Ewe, pelo menos no
Daomé e Porto Seguro, o rei é considerado o chefe dos sacerdotes [...]”
(Rodrigues, 2008: 213).
Pode ser também que ele fosse líder de uma
comunidade de imigrantes de Ajudá numa terra próxima, como as que existiam
semi-independentes em quatro bairros de Badagry, uma delas comandadas pelo
Jengem, chefe tribal local.
Sabe-se que por essa época, segundo AJAYI,
J.F.Ade (Edit.). História geral da África volume VII de que o
Delta do Benin se encontrava em disputa entre França e Inglaterra, o que
poderia explicar seu conhecimento em ambas as línguas, a condecoração e o
estipêndio que alegava receber da coroa britânica.
O príncipe negro só chegou ao porto de Rio
Grande dois anos após haver saído da África Ocidental. Custódio Joaquim viveu
na cidade de Rio Grande durante vários anos, mudou-se depois para Bagé, nelas
fundou centros para pratica da religião africana (Jêje segundo Oro). Aqui
observamos uma controvérsia, pois segundo Ari Oro o Orixá de Custódio era
Xapanã, enquanto que para Silva e Jung, era Ogum.
Podemos imaginar que a confusão possa ter
ocorrido por que nos cultos Afro-brasileiros os Orixás são sincretizados com
santos católicos e provavelmente os autores em questão não se deram conta que
os Orixás para os seus fieis são deuses e como tal certos Deuses são mais
cultuados do que outros o mesmo ocorre com os santos católicos.
São Jorge sempre foi um santo muito popular
entre católicos e o mesmo era sincretizado com Ogum, o que explicaria o porquê
das homenagens a esse Orixá serem mais concorridas que, as de Xapanã orixá
sincretizado com São Lazaro, santo católico com popularidade muito inferior a
São Jorge.
Em 1901, Custódio Joaquim instalou-se em Porto
Alegre, adquiriu uma casa na Rua Lopo Gonçalves, numero 496. Nessa mansão,
moraram com suas cinco filhas e três filhos, não se encontrando na imprensa da
época referencia alguma a sua mulher ou as suas mulheres no dizer de Silva.
Já segundo Oro, Custódio Joaquim nunca se
casara vivendo em situação de poligamia, no entanto, Nunes da Silva fala de uma
companheira Serafina Moraes Ferreira que era mãe de seus filhos Araci (?),
Domingos Conceição Almeida (1911-1988), Pulcheira (1912-?), e Joaquina
(1918-?)¹.
O bairro era habitado principalmente por imigrantes italianos e seus descendentes, no entanto pouco a pouco velhos africanos e negros
brasileiros começaram a estabelecer-se em volta da casa do príncipe, segundo
Silva, provavelmente para ficar perto daquele que consideravam seu líder. Nos,
no entanto cremos que isso possa ter ocorrido por conta do fato de Custódio
Joaquim ser um sacerdote de um culto Afro, (Jêje segundo Oro) e a relação entre
o pai de santo e seus filhos é extremamente paternalista.
Custódio mantinha atrás de casa uma coudelaria
para cavalos de corrida, segundo silva seu conhecimento a respeito da criação
de cavalos pode ser uma indicação de que o príncipe não era originário do
litoral africano, já que nesta área eles eram praticamente inexistentes devido
à mosca tsé-tsé, no entanto devemos lembrar que Custódio viveu 37 anos numa
região famosa por seu amor a cavalos e pela sua criação, e ele poderia ter
adquirido os gostos e habilidades de um rio-grandense já no Brasil.
Nessa época só as pessoas de muitas posses
possuíam veículos e Custódio Joaquim era uma dessas pessoas, ele possuiu um
Landô inicialmente e mais tarde um Chevrolet. Ele possuía também uma segunda
casa no litoral, na praia de Cidreira e nela passava o verão rodeado de
convidados.
Ainda segundo Silva todos os anos, por ocasião
de seu aniversário o príncipe dava uma grande festa que duravam três dias, a
moda africana, Borges de Medeiros, comparecia sempre
as comemorações. Após a abolição da escravatura
homens como Custódio passaram a ter muita importância devido a seu valor
eleitoral.
O príncipe negro aplicou seu prestigio e
riqueza para melhorar as condições dos africanos e de sua comunidade, num
estado onde existia forte discriminação contra os negros, graças a sua
personalidade exuberante e carismática e, talvez, também pelo fato que se
apresentava como membro da aristocracia, ele não foi simplesmente aceito, mas
sim, apreciado e até mesmo admirado pela sociedade dos brancos.
Ninguém sabia a origem de sua riqueza, pois não
possuía nenhuma ocupação visível a não ser a de medicar com ervas e de exercer
liderança inquestionável em sua comunidade. É possível que ele recebesse como
alegava um substancial estipêndio do governo britânico, mas não sabemos a
quantia e nem por que essa quantia lhe era devida nem de que forma lhe era
paga.
O príncipe morreu no dia 28 de maio de 1935,
supostamente com mais de cem anos de idade, teve um funeral de acordo com as
tradições da África Ocidental. Para estupefação de seus amigos católicos e
brancos, a festa do enterro durou vários dias, musica dança e banquetes.
O espanto da época por conta do tipo de funeral
não deve nos impressionar, pois apesar do tempo decorrido de sua morte e do
desenvolvimento cultural de nossa sociedade nesta pesquisa observamos que mesmo
nos dias de hoje ainda se mantém uma serie de preconceitos no que se refere à
cultura afro-brasileira e sua diversidade.
¹o autor não define a data dos falecimentos nem explica os
motivos
MATOS,
Adelcio Daitx; acadêmico de história Campus ULBRA- Torres, RS.
Bibliografia:
AJAYI, J.F.Ade (Edit.). História geral da África VI:
África do século XIX à década de 1880Brasília : UNESCO, 2010.
CORREA, Sílvio Marcos de Souza. Práticas
Aristocráticas e Lazeres Burgueses de um “Príncipe Negro” na Republica Velha.
4º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Curitiba, 2009.
FERREIRA, Paulo Tadeu Barbosa; Os fundamentos religiosos
da nação dos orixás. 2ª Ed, Revisada e ampliada. Porto Alegre: Toquí,
1994.
GAARDER, Jostein; HELLERN, Victor; NOTAKER, Henry. O
livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
LUZ, Marco Aurélio. Cultura negra em tempos
pós-modernos. 2ª Ed.-Salvador: EDUFBA, 2002.
RODRIGUES, Raymundo Nina. Os africanos no Brasil.
São Paulo: Madras, 2008.
ORO, Ari. Religiões Afro-Brasileiras do Rio Grande do
Sul: Passado e Presente. Revista Estudos Afro-Asiáticos, Ano 24, nº 2,
2002, pag. 345-384.
SANTOS, Roberto. Pós-modernidade, história e
representação: cultura negra e identidade. Mouseion, vol. 3, n. 5,
Janeiro-Julho/2009.
SILVA, Alberto da Costa e. Um rio chamado Atlântico: A
África no Brasil e o Brasil na África. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Ed
UFRJ, 2003.
SILVA, Gilberto Ferreira Da. SANTOS, José Antônio dos.
CARNEIRO, Luiz Carlos da Cunha. RS Negro. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2008.
SILVA, Maria Elena Nunes Da. O Príncipe Custódio e a
Religião Afro-Gaúcha, 1999. Dissertação de mestrado em Antropologia
apresentada na Universidade Federal de Pernambuco.
A Câmara Clara: nota sobre fotografia história, semiologia e psicologia.
RESENHA: A Câmara Clara - Roland Barthes
No inicio de seu livro Barthes analisa, ou melhor, tenta demonstrar como ele
compreende a fotografia, ou seja, como a fotografia se apresenta aos seus
olhos, a meu ver ele demonstra isso de forma clara no quinto parágrafo da
pagina 27. “A foto-retrato é um campo cerrado de forças. Quatro
imaginários aí se cruzam, aí se afrontam aí se deformam. Diante da objetiva,
sou ao mesmo tempo: Aquele que eu me julgo, aquele que eu gostaria que me
julgassem aquele que o fotografo me julga e aquele de que ele se serve para
exibir sua arte. (...)”.
Nesse parágrafo vê-se claramente o que é a fotografia para Barthes. O
importante é aquilo que a fotografia lhe desperta em detrimento ao que ela
demonstra, pois ainda que a analise de uma fotografia possa demonstrar fatos e
costumes é o sentimento que ela desperta que faz com que o fato passado, torne
o passado morto, vivo no presente.
Em um primeiro momento pode-se considerar essa analise como uma tentativa de
colocar Barthes como um defensor do punctum em detrimento ao studium, não o
objetivo não é esse, mas apenas demonstrar que pela analise do punctum pode-se
verificar pontos de vista inexistentes no studium.
(Em defesa dessa afirmação cabe observar o parágrafo 09 da pagina 86 “Ora,
diante dos milhares de fotos, inclusive daquelas que possuem um bom studium não
sinto qualquer campo cego”...), e na mesma pagina parágrafo 19 vemos a
afirmação.”No entanto, a partir do momento em que há punctum cria-se(
adivinha-se) um campo cego(...)”.
Conclui-se então que a intenção de Roland Barthes é demonstrar o que a
fotografia desperta em seu ser, não uma lembrança do passado, mas o passado
vivo no presente.
MATOS, Adelcio Daitx de. Acadêmico de História ULBRA Campus- Torres RS,
MATOS, Adelcio Daitx de. Acadêmico de História ULBRA Campus- Torres RS,
Cultura Afro - "Kiriku e a Feiticeira" - Aula de História
“Kiriku e a feiticeira” : um resgate da cultura africana.
“Quando morre um africano idoso,
é como se queimasse toda uma
biblioteca.”
Podemos entender por cultura tudo o que está
ao nosso redor, sendo parte da sociedade e que pode ser aprendido e
transmitido. Também sabemos que - devido à uma longa tradição de superstição e exclusão, consciente e inconsciente – temos uma visão totalmente
preconceituosa da cultura africana.
Não precisamos ir longe: na escola estudamos “Egito”
sem relacionar ao continente africano ( E não! Cleópatra não era uma branca com
olhos cor de violeta, desculpe...!). A África que conhecemos – vista pela visão
econômica e etnocêntrica - é fruto da
escravidão, e não nos interessa conhecer o que há por trás do negro africano e
a vastidão da sua cultura e simbologias.
O cinema é uma
expressão não só artística, mas também ideológica, socializante e socializadora – que permite dar vazão à inúmeros aspectos
culturais, neste caso, da cultura africana. A animação “Kiriku e a Feiticeira”
é uma obra prima do francês Michel Ocelot (1998), baseada em um conto africano
- cujos temas centrais tratam da coragem, natureza, força e logicamente, história oral – narrando a saga
de um povo da savana africana dominado por uma feiticeira.

Á partir desse momento, a narrativa se desenvolve
de maneira extremamente encantadora. Kiriku não descansa enquanto não descobre
os segredos da maldade de Karabá , até salvá-la da sua maldição e libertar o seu
povo. E nesse entremeio, vê-se a força das histórias orais e as características
fortíssimas da cultura africana, costurados com uma bela dose de poesia e beleza.
A tradição oral africana não se limita apenas aos contos e lendas, mas é uma
escola de vida, religião, ciência, história e que forma o homem na sua
totalidade. Assista o filme e e automaticamente vai querer assistir mais de uma
vez.
Através do
belo trabalho desenvolvido pelo diretor Michel Ocelot em “Kiriku e a
Feiticeira”, vemos que, muito mais que diversão, o cinema pode e deve ser
utilizado como um meio poderoso de representação da nossa historicidade. O que
se deve buscar – ideologias e clichês à parte - como conhecedores dessas
realidades históricas que não são contadas “oficialmente” (mesmo?!), é a
desconstrução destes preconceitos históricos. Um tema de excelência, necessário
e extremamente urgente. Historiadores, mestres, professores, alunos: #ficadica!
Título:
Kirikou et la Sorcière
Ano de
Produção: 1998
Direção:
Michel Ocelot
Estreia: 09/12/1998
Duração: 74
minutos.
Gênero:
Animação, Aventura.
Origem: Bélgica, França.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Godzilla: o medo personificado/ Guerra Fria/ Guerra Nuclear
Uma força da natureza. “Vocês não fazem a mínima
ideia do que está vindo!”, diz o cientista apavorado, refletindo bem a intenção
do remake de um dos maiores clássicos do cinema. O réptil dantesco - cuja
natureza mais parece uma metáfora à todos os exageros - está acordado
novamente, e sua fúria já é bem conhecida. Estamos falando de “Godzilla” (Gojira - o "Deus dos Monstros"),
um dos blockbusters mais esperados de 2014, ressuscitado pelas mãos da
Legendary Pictures e do diretor Gareth Edwars - este já acostumado com a
temática de grandes monstros.
E a “aura” de culto ao grande monstro radioativo retorna
com ele. Após o tempo de clausura, Godzilla reaparece em um filme irrepreensível
em técnica e efeitos (mesmo que o roteiro custe a se desenvolver em alguns
momentos), num estilo violento e pessimista (logicamente!) e coroado por um
elenco de categoria. Não há alívio em cena. Não há nenhum momento cômico.
Apenas tensão.
Em ampla análise, o filme pode ser visto como um
resgate histórico. Já no início, faz uma alusão à primeira aparição da criatura
de proporções épicas nos anos 50, fruto de uma série de “testes nucleares” (aham...sei!).
Na verdade, fica gritante a herança – ou melhor, a “resposta” – do Japão aos
ataques nucleares inconseqüentes dos americanos sobre as cidades de Hiroshima e
Nagasaki ao final da Segunda Guerra Mundial. Consequentemente, também remonta às ameaças de
novos ataques durante os conflitos da Guerra Fria. O grande predador que se
alimenta de radioatividade, nada mais é que o fruto da censura ocidental que
impedia os japoneses de mostrarem diretamente os horrores deixados pelos
Estados Unidos. Ele é a imagem do medo e do desespero!
O longa também alude perspicazmente ao acidente de
Fukushima em 2011, quando um terremoto de 8,9 pontos na Escala Richter provocou
um tsunami, abalando as estruturas da Central Nuclear da cidade e provocando
vazamento de radioatividade. Na trama, uma usina nuclear também é destruída por
um abalo sísmico. Alguns anos depois, abalos com o mesmo comportamento da época
mostram que há monstros retornando para acabar com a paz da humanidade. Ou
seja: sem redenção, americanos! Ataques nucleares vão continuar acordando predadores
gigantes!
Como numa tentativa de amenizar a catástrofe, essa
releitura apresenta Godzilla como “necessário” dentro de uma cadeia alimentar,
onde ele é o “ponto de equilíbrio” que pode acabar com outros dois monstros
épicos que estão prestes a procriar e acabar realmente com qualquer resquício
de humanidade (lembrando que isso acontece nos EUA). Praticamente o mocinho da
história – e as cenas finais mostram isso. Em suma, Godzilla não é “perfeito”,
mas devolve a glória merecida ao herói nipônico – ainda que isso custe muitos
prédios destruídos. E a continuação da
história já foi anunciada. Um deleite para os amantes do cinema!
*Título Original: Godzilla
*Ano: 2014 - País: EUA, JAPÃO
* Direção: Gareth Edwards
* Roteiro: Max Borenstein, Dave Callaham
* Produção: Jon Jashni, Mary Parent, Brian Rogers, Thomas Tull
* Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, CJ Adams, Ken Watanabe, Carson Bolde, Sally Hawkins, Juliette Binoche, David Strathairn, Richard T. Jones, Victor Rasuk, Patrick Sabongui, Jared Keeso, Luc Roderique
*Ano: 2014 - País: EUA, JAPÃO
* Direção: Gareth Edwards
* Roteiro: Max Borenstein, Dave Callaham
* Produção: Jon Jashni, Mary Parent, Brian Rogers, Thomas Tull
* Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, CJ Adams, Ken Watanabe, Carson Bolde, Sally Hawkins, Juliette Binoche, David Strathairn, Richard T. Jones, Victor Rasuk, Patrick Sabongui, Jared Keeso, Luc Roderique
Bem vindos à nossa “ágora”!!
“Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro.”
―Heródoto
Como herdeiros de Heródoto, o Pai da História, buscamos conhecimento, debate, cultura e diversão ( por que não), à luz da ciência mestra.
Este é um espaço onde trataremos de história, historiografia, cinema, arte, literatura e cultura nas suas diversas manifestações...buscando trazer sentido às representações do nosso cotidiano.
Sinta-se à vontade para olhar, acompanhar, debater...é esse o objetivo: crescermos juntos!!
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