“Kiriku e a feiticeira” : um resgate da cultura africana.
“Quando morre um africano idoso,
é como se queimasse toda uma
biblioteca.”
Podemos entender por cultura tudo o que está
ao nosso redor, sendo parte da sociedade e que pode ser aprendido e
transmitido. Também sabemos que - devido à uma longa tradição de superstição e exclusão, consciente e inconsciente – temos uma visão totalmente
preconceituosa da cultura africana.
Não precisamos ir longe: na escola estudamos “Egito”
sem relacionar ao continente africano ( E não! Cleópatra não era uma branca com
olhos cor de violeta, desculpe...!). A África que conhecemos – vista pela visão
econômica e etnocêntrica - é fruto da
escravidão, e não nos interessa conhecer o que há por trás do negro africano e
a vastidão da sua cultura e simbologias.
O cinema é uma
expressão não só artística, mas também ideológica, socializante e socializadora – que permite dar vazão à inúmeros aspectos
culturais, neste caso, da cultura africana. A animação “Kiriku e a Feiticeira”
é uma obra prima do francês Michel Ocelot (1998), baseada em um conto africano
- cujos temas centrais tratam da coragem, natureza, força e logicamente, história oral – narrando a saga
de um povo da savana africana dominado por uma feiticeira.

Á partir desse momento, a narrativa se desenvolve
de maneira extremamente encantadora. Kiriku não descansa enquanto não descobre
os segredos da maldade de Karabá , até salvá-la da sua maldição e libertar o seu
povo. E nesse entremeio, vê-se a força das histórias orais e as características
fortíssimas da cultura africana, costurados com uma bela dose de poesia e beleza.
A tradição oral africana não se limita apenas aos contos e lendas, mas é uma
escola de vida, religião, ciência, história e que forma o homem na sua
totalidade. Assista o filme e e automaticamente vai querer assistir mais de uma
vez.
Através do
belo trabalho desenvolvido pelo diretor Michel Ocelot em “Kiriku e a
Feiticeira”, vemos que, muito mais que diversão, o cinema pode e deve ser
utilizado como um meio poderoso de representação da nossa historicidade. O que
se deve buscar – ideologias e clichês à parte - como conhecedores dessas
realidades históricas que não são contadas “oficialmente” (mesmo?!), é a
desconstrução destes preconceitos históricos. Um tema de excelência, necessário
e extremamente urgente. Historiadores, mestres, professores, alunos: #ficadica!
Título:
Kirikou et la Sorcière
Ano de
Produção: 1998
Direção:
Michel Ocelot
Estreia: 09/12/1998
Duração: 74
minutos.
Gênero:
Animação, Aventura.
Origem: Bélgica, França.
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