domingo, 15 de junho de 2014

Cultura Afro - "Kiriku e a Feiticeira" - Aula de História

 “Kiriku e a feiticeira” : um resgate da cultura africana.

“Quando morre um africano idoso,
é  como se queimasse toda uma biblioteca.”
                                     
Podemos entender por cultura tudo o que está ao nosso redor, sendo parte da sociedade e que pode ser aprendido e transmitido. Também sabemos que - devido à uma longa tradição de superstição e exclusão, consciente e  inconsciente – temos uma visão totalmente preconceituosa da cultura africana.
Não precisamos ir longe: na escola estudamos “Egito” sem relacionar ao continente africano ( E não! Cleópatra não era uma branca com olhos cor de violeta, desculpe...!). A África que conhecemos – vista pela visão econômica e etnocêntrica -  é fruto da escravidão, e não nos interessa conhecer o que há por trás do negro africano e a  vastidão da sua cultura e simbologias.
            O cinema é uma expressão não só artística, mas também ideológica, socializante e socializadora – que permite dar vazão à inúmeros aspectos culturais, neste caso, da cultura africana. A animação “Kiriku e a Feiticeira” é uma obra prima do francês Michel Ocelot (1998), baseada em um conto africano - cujos temas centrais tratam da coragem, natureza, força e  logicamente, história oral – narrando a saga de um povo da savana africana dominado por uma feiticeira.
            Kiriku é um menino muito pequeno, mas também muito inteligente, generoso, valente e que já conversava desde o ventre da mãe.  Ao nascer, ele questiona onde estão os homens da aldeia e a mãe responde que todos foram comidos por Karabá, uma bela e malvada feiticeira. Kiriku quer saber porque esta feiticeira é tão malvada, mas ninguém sabe responder as suas perguntas, apenas o sábio que vive na montanha proibida – que também é seu avô. Determinado a saber porque Karabá é má, Kiriku parte para a montanha proibida com a ajuda da mãe, passando por muitos perigos.

Á partir desse momento, a narrativa se desenvolve de maneira extremamente encantadora. Kiriku não descansa enquanto não descobre os segredos da maldade de Karabá , até salvá-la da sua maldição e libertar o seu povo. E nesse entremeio, vê-se a força das histórias orais e as características fortíssimas da cultura africana, costurados com uma bela dose de poesia e beleza. A tradição oral africana não se limita apenas aos contos e lendas, mas é uma escola de vida, religião, ciência, história e que forma o homem na sua totalidade. Assista o filme e e automaticamente vai querer assistir mais de uma vez.

Através do belo trabalho desenvolvido pelo diretor Michel Ocelot em “Kiriku e a Feiticeira”, vemos que, muito mais que diversão, o cinema pode e deve ser utilizado como um meio poderoso de representação da nossa historicidade. O que se deve buscar – ideologias e clichês à parte - como conhecedores dessas realidades históricas que não são contadas “oficialmente” (mesmo?!), é a desconstrução destes preconceitos históricos. Um tema de excelência, necessário e extremamente urgente. Historiadores, mestres, professores, alunos: #ficadica!


FICHA TÉCNICA
Título: Kirikou et la Sorcière 
Ano de Produção: 1998
Direção: Michel Ocelot
Estreia: 09/12/1998 
Duração: 74 minutos.
Gênero: Animação, Aventura.
Origem: Bélgica, França.

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